Esse pulo da foto é o famoso pulo da Dona Beija na tradicional pista de XCO em Araxá da @cimtb. Ela precede, e te joga para uma curva em escora que tem um mini pump track seguido de uma subida de alto torque. Eu pessoalmente sempre achei mais efetivo passar por obstáculos da pista da maneira mais limpa e objetiva, sem tortinhos ou outras ”maquiagens”. Parece nerd, sem graça e sem brilho e realmente é (risos), mas na fisiologia aplicada o que a gente mais escuta é CYCLING ECONOMY (economia de pedal). E no final das contas um piloto está buscando uma única coisa durante uma competição: sucesso!
Alguns dos motivos que sempre penso é que uma aterrissagem mal feita tentando fazer um pulo bonito com baixa calibragem de pneu pode, ao meu ver, te jogar no chão, danificar o equipamento, ou fazer com que você perca preciosas libras para dar sequência na prova, e também tirar o seu foco do objetivo macro. A partir do momento que você programou o seu cérebro para dar aquele lindo tortinho você talvez perdeu a oportunidade de ser objetivo e eficiente no aproveitamento da sequência da pista, nesse caso a escora, o pump trackm, e o embalo inicial crucial para que você subir com a menor potência possível, usando essa energia economizada em um outro momento mais crítico da prova. E não se enganem, todos os pilotos chegam ali completamente fadigados, pois antes dela tem o inferno da “subida da caixa d´ água” ou seja você perde a oportunidade de simplesmente se recuperar, física e mentalmente, nem que por digamos 2-5seg? CYCLING ECONOMY. Lembrando que mesmo com tanta tecnologia a gente ainda não consegue mensurar o quanto de “TSS” gastamos com membro superior , stress de estar fazendo o ”approach” da rampa com a atividade neural de realizar a manobra radical e bonita.
Nosso esporte está em constante e rápida evolução, estamos todos dirigidos por dados, análises, watts watts & watts. Na palma de nossas mãos conseguimos saber como está nosso metabolismo e otimizar a dieta (isso é um assunto saindo do forno que vou apresentar em breve). Isso tudo é só o começo, a chave para o sucesso e item mais importante no nosso arsenal como atleta que ainda é “místico” , impossível de mensurar e principalmente de replicar corrida após corrida; o FLOW. Começando a ler um livro, vi o quanto essas minhas “teoria” de correr limpo e objetivo sem inventar moda maximiza as chances de adquirimos o estado de FLOW.
“No FLOW nós estamos tão focados na tarefa em mãos que tudo em volta desaparece. Ação e consciência se juntam. O tempo voa. O EGO desaparece. Performance sobe que nem um foguete. Em FLOW, toda ação, cada decisão, é dirigida com muita facilidade, sem esforço. Flow é um estado ideal de consciência, um estado de pico de performance onde a gente se sente no nosso melhor e performa no nosso melhor” Preface “the why we flow” Steven Kotler. Voltando ao meu pulo minha ideia era fazer um pulo aero cortando o vento sem esforço. Ganhar o mínimo de altura para chegar do ponto A (rampa) ao B (recepção e local exato para fazer a escora) da forma mais rápida possível. E ao mesmo tempo manter a velocidade exata para fazer a escora/curva com um embalo ideal para fazer o pump track com a velocidade necessária para não gastar alguns preciosos watts na subida seguinte. Tortinho na rampa? Ops, não deu tempo de pensar nisso! Às vezes a gente domina uma prova, uma categoria, mas não conseguimos encaixar o flow. Não existe vitória que substitui fazer uma prova com 100% no FLOW! “Flow like a butterfly, sting like a bee” Mohamid Ali sabia alguma coisa sobre Mountain Bike.
Por Hugo Prado Neto
Diretor OCE POWERHOUSE